Dra. Juliana Fonseca explica que drogas agravam sintomas e prejudicam tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
O período das festas de fim de ano pode ser desafiador para quem possui Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), por conta dos estímulos e a exposição a bebidas alcoólicas. A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) estima que os casos atingem entre 5% e 8% da população mundial.
O TDAH é uma condição neurobiológica que impacta crianças e persiste na vida adulta, caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade, segundo a psiquiatra Dra. Juliana Fonseca.
Destacando a influência do álcool, Dra. Juliana adverte que, além de ser uma substância depressora do sistema nervoso central, pode agravar sintomas do TDAH, interferindo na eficácia dos tratamentos. Ela enfatiza a importância do cuidado durante festas, especialmente para indivíduos suscetíveis.
“Uma das estratégias é se oferecer para ser motorista, o que reforça o compromisso de não beber, ou se foi em alguma festa em família, você pode levar a bebida não alcoólica, que seja da sua preferência, como suco, algum coquetel sem álcool. Você pode avisar a sua família, seus amigos sobre a sua decisão de não beber, pedindo apoio deles, que você deseja se manter sóbrio no final do ano e se manter ocupado quando você ajuda ali na organização da festa, focando nas conversas, nas atividades relacionadas ao final do ano”, sugere a especialista.
Ainda mais perigosas, as substâncias ilícitas são uma preocupação adicional. “Os estimulantes, como a cocaína e as metanfetaminas, exacerbam os sintomas de hiperatividade e de impulsividade, enquanto as substâncias depressoras, a maconha e o álcool, podem aumentar a desatenção e ainda prejudicar a memória. E pessoas com TDAH são mais propensas ao uso de substâncias. Então muitas vezes esses pacientes, como uma forma de automedicação, acabam usando essas substâncias a fim de atenuar esses sintomas”, adverte a Dra. Juliana.
O diagnóstico do TDAH não é simples, requerendo avaliação detalhada e considerando sintomas persistentes e intensos. A Dra. Juliana destaca a variação do TDAH ao longo da vida e a necessidade de busca por diagnóstico com um médico psiquiatra.
“É muito comum que esses sintomas sejam confundidos com outros transtornos, como ansiedade, depressão, transtorno bipolar ou até uso de cannabis. Então, o profissional de saúde mental, o psicólogo, psiquiatra e o neurologista geralmente conduz o diagnóstico através de entrevistas, de avaliação com os pais, através dos professores e quando aplicável, nos casos adultos, com o próprio paciente”, descreve.
Segundo a Dra. Juliana, o TDAH é uma condição neurobiológica que afeta crianças e pode persistir na vida adulta. Caracterizado por três grupos principais de sintomas, incluindo desatenção, hiperatividade e impulsividade, o transtorno apresenta desafios como dificuldade de concentração, agitação constante, impulsividade e problemas na tomada de decisões.
O tratamento do TDAH é multifacetado, incluindo remédios e terapias comportamentais. “Os medicamentos estimulantes – os mais conhecidos são Venvanse e Ritalina – são comumente usados para melhorar a concentração e reduzir a hiperatividade e impulsividade. Em alguns casos, medicamentos não estimulantes ou antidepressivos, eles podem ser prescritos também, quando os pacientes não toleram cicloestimulantes”, explica.
“Terapias comportamentais, incluindo a TCC, ajudam o indivíduo no desenvolvimento de habilidades de organização, no gerenciamento de tempo, no uso de agenda e técnicas também de enfrentamento”, complementa a médica, que também reforça a importância do apoio familiar.
Dra. Juliana Fonseca enfatiza a essencialidade do acompanhamento regular com profissionais de saúde mental para ajustes no tratamento conforme necessário, concluindo sua abordagem abrangente sobre o TDAH e sua gestão.
Fonte: Dra. Juliana Fonseca – Psiquiatra | www.instagram.com/drajupsiquiatra/