Instalação nos Montes Urais marca avanço tecnológico e reforça o ciclo fechado do combustível na Rússia
A estatal nuclear russa Rosatom inaugurou um novo forno elétrico para vitrificação de rejeitos radioativos na Associação de Produção Mayak (PA Mayak), em Ozersk, na região dos Montes Urais. Desenvolvido e instalado por especialistas da própria Mayak, o equipamento representa um salto tecnológico na gestão de resíduos nucleares de alta periculosidade, reduzindo significativamente seu volume e radioatividade.
A instalação do forno EP-250/6 marca um feito inédito para a Rússia: pela primeira vez, todo o processo, do reprocessamento do combustível à vitrificação final dos rejeitos, é realizado com tecnologia, engenharia e operação 100% nacionais. A inovação transforma os materiais mais perigosos em uma forma vítrea estável e segura, capaz de isolar a radioatividade por milhares de anos.
Durante a cerimônia de inauguração, o diretor-geral da Rosatom, Alexey Likhachev, participou por videoconferência e destacou que o projeto simboliza uma nova etapa para o setor nuclear russo.
“Nos próximos anos, entraremos na próxima década com um programa de desenvolvimento da energia nuclear no país. Também avançaremos rumo aos sistemas energéticos da Geração IV, com ciclo fechado do combustível nuclear. O trabalho que a Mayak está realizando faz parte dessa agenda ambiciosa”, afirmou.
Atualmente, a Rússia acumula cerca de 30 mil toneladas de combustível nuclear usado, e o processamento desse material é uma prioridade estratégica da Rosatom. Durante o reprocessamento, urânio e plutônio são recuperados e reinseridos no ciclo do combustível, restando apenas cerca de 4% do volume total, que é vitrificado para armazenamento seguro.
Likhachev reforçou a importância do processo:
“Nossa tarefa mais importante é o reprocessamento completo do combustível usado. Extraímos todas as substâncias úteis, colocamos novamente em circulação e armazenamos com segurança o que não pode ser reutilizado. A vitrificação é o método mais eficaz e ecologicamente correto para o gerenciamento de rejeitos de alto nível”.
Segundo o executivo, o novo forno amplia a capacidade da Mayak, que já conta com seis unidades especializadas.
“As competências da equipe da Mayak dificilmente podem ser superestimadas. Este é o sexto forno construído aqui, ampliando significativamente nossa capacidade de processamento”, completou.
Também participaram da cerimônia Andrey Nikipelov, vice-chefe da Rosatom para Engenharia Mecânica e Soluções Industriais, e Vasily Tinin, diretor da estatal para Política de Rejeitos Radioativos e Descomissionamento de Instalações Nucleares, além de outros executivos da corporação.
O diretor-geral da PA Mayak, Andrey Poroshin, ressaltou o impacto direto do novo equipamento na operação:
“O forno EP-250/6 foi instalado em uma oficina em funcionamento pela própria equipe da Mayak, o que economizou tempo e custos, mantendo os mais altos padrões de segurança. A implementação do projeto aumentará a eficiência no tratamento de rejeitos de alto nível, o tipo mais complexo e perigoso de material radioativo”.
A inauguração ocorre meses após a abertura da segunda etapa do Centro Experimental de Demonstração no Complexo de Mineração e Química em Zheleznogorsk. Quando estiver em plena capacidade, a unidade poderá processar cerca de 200 toneladas de combustível usado por ano.
O programa de desenvolvimento da engenharia radioquímica na Rússia é apontado pela Rosatom como um dos pilares do futuro sistema nuclear de dois componentes, que combina reatores térmicos e de nêutrons rápidos em um ciclo fechado. A estratégia promete reduzir drasticamente o volume e a radioatividade dos rejeitos nucleares, além de expandir a base de matérias-primas do setor, aproveitando urânio empobrecido e plutônio atualmente fora do ciclo de combustível.