Junho é o mês de conscientização sobre o lipedema, uma condição crônica e progressiva que afeta majoritariamente mulheres e, muitas vezes, é erroneamente diagnosticada como obesidade ou linfedema.
No Brasil o desconhecimento sobre o lipedema ainda é considerável, o que infelizmente atrasa o diagnóstico e impede o tratamento adequado.
Por isso, é de extrema importância que informações claras e acessíveis cheguem a todos, não apenas para identificar a condição, mas também para oferecer o suporte necessário às pacientes.
Um chamado à conscientização e compreensão
Assim, o “Junho Roxo” emerge como uma campanha nacional de conscientização, dedicada a iluminar os caminhos para o reconhecimento do lipedema.
O objetivo primordial é educar a população, os profissionais de saúde e os formuladores de políticas públicas sobre essa condição, seus sintomas e a necessidade de um cuidado multidisciplinar.
Afinal de contas, a demora no diagnóstico pode, consequentemente, levar a um agravamento significativo do quadro clínico, impactando profundamente a qualidade de vida das pacientes.
Lipedema: Entendendo a acumulação atípica de gordura
Mas, em primeiro lugar, o que exatamente é o lipedema? Em termos simples, trata-se de uma condição caracterizada pelo acúmulo desproporcional de tecido adiposo, tipicamente nas pernas, coxas e, por vezes, nos braços, enquanto o tronco e os pés geralmente mantêm proporções normais.
Diferentemente da obesidade comum, essa gordura é notoriamente dolorosa ao toque, pode desenvolver equimoses (manchas roxas) com facilidade e, além disso, não responde a dietas e exercícios físicos tradicionais.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), a prevalência do lipedema pode alcançar até 11% da população feminina (Fonte: SBACV).
Os sintomas do lipedema vão muito além do inchaço e da dor. Muitas mulheres relatam sensibilidade excessiva ao toque, uma sensação de frio extremo nas extremidades afetadas, flacidez da pele e, ademais, uma tendência a desenvolver celulite de difícil tratamento.
O impacto psicossocial também é considerável, com muitas pacientes enfrentando baixa autoestima, ansiedade e depressão devido à aparência física e à falta de compreensão de sua condição.
Tratamentos: Um olhar abrangente para o controle do lipedema
Frequentemente, a pergunta que ecoa é: o lipedema tem cura? Infelizmente, não há uma cura definitiva para o lipedema. No entanto, o controle da condição visa aliviar os sintomas, reduzir a dor, diminuir o inchaço e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das pacientes.
O tratamento é multifacetado e inclui terapias conservadoras e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas.
“O tratamento do lipedema exige uma abordagem holística e individualizada”, afirma Dra. Juliana Caruso de Almeida, fisioterapeuta especialista em lipedema. Ela complementa: “Fisioterapia especializada, como a drenagem linfática manual e a terapia compressiva, são pilares fundamentais. Além disso, a prática de exercícios de baixo impacto e uma alimentação anti-inflamatória são essenciais para o controle da progressão da doença.”
A Dra. Juliana também enfatiza: “É fundamental que as pacientes procurem profissionais com experiência no tratamento do lipedema, pois a abordagem incorreta pode agravar o quadro.”
Ela continua explicando a complexidade da condição: “A gordura do lipedema se comporta de forma diferente, e por isso, abordagens genéricas para emagrecimento não são eficazes. É preciso entender a fisiopatologia da doença para oferecer o cuidado correto e, assim, proporcionar um alívio significativo.”
Nesse contexto, a Dra. Juliana aconselha: “A jornada com o lipedema pode ser desafiadora, mas com o apoio certo e o tratamento adequado, é possível alcançar uma melhor qualidade de vida e gerenciar os sintomas de forma eficaz.”
O que considerar importante incluir no tratamento? A conscientização sobre a condição e a busca por um diagnóstico correto são os primeiros passos. Em seguida, a abordagem deve ser multidisciplinar, envolvendo angiologistas, endocrinologistas, nutricionistas e, claro, fisioterapeutas especializados.
A cirurgia, como a lipoaspiração tumescente, pode ser uma opção em casos selecionados e deve ser realizada por cirurgiões experientes na remoção da gordura lipedêmica.
Impacto psicológico e a importância do apoio
Além dos desafios físicos, o lipedema carrega um peso psicológico considerável. A frustração com a falta de diagnóstico, a incompreensão de amigos e familiares e a constante luta contra um corpo que não responde aos esforços convencionais podem ser exaustivas. É nesse ponto que grupos de apoio e a troca de experiências com outras pacientes se tornam inestimáveis, oferecendo um senso de comunidade e validação.
Conscientização: A chave para um futuro melhor
Em última análise, a conscientização sobre o lipedema é a ferramenta mais poderosa que temos para combater os seus efeitos devastadores. Ao disseminar informações, educar a sociedade e incentivar a pesquisa, podemos garantir que mais mulheres recebam o diagnóstico e o tratamento adequados.
O Junho Roxo não é apenas um mês para falar sobre lipedema; é, antes de tudo, um convite à ação, um apelo para que a empatia e o conhecimento prevaleçam, transformando a vida de milhões de mulheres.
Sobre a Dra. Juliana Caruso de Almeida
Dra. Juliana Caruso de Almeida é fisioterapeuta com uma sólida formação e vasta experiência na área. Graduada em Fisioterapia pela UNIP, aprimorou seus conhecimentos com uma pós-graduação em Dermatofuncional pela IBECO e especializou-se em Drenagem Linfática pela PAYOT. Sua expertise se estende ao tratamento de linfedema, lipedema e pós-operatórios, além de atuar no alívio de dores agudas e crônicas, terapia capilar e tratamentos para gordura localizada.
Contato: drajulianacaruso@gmail.com
Referências
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR (SBACV). Lipedema. Disponível em: https://sbacvsp.com.br/lipedema/ Acesso em: 11 jun. 2025.