Especialista da mhconsult analisa os desafios da liderança em um cenário de transformações aceleradas e mostra como compreender o cérebro humano pode ser a chave para equipes mais engajadas e adaptáveis. Um cenário que exige dos líderes mais do que técnica e experiência: pede inteligência emocional, empatia e capacidade de adaptação
É nesse contexto que entra a neuroliderança, área em que o especialista Rogério Babler, da mhconsult, atua há mais de uma década. Ele defende que compreender o funcionamento do cérebro é essencial para liderar com eficácia em meio à instabilidade.
“A liderança hoje não é sobre controlar, e sim sobre compreender. Quando entendemos como o cérebro reage à pressão, à mudança e ao medo, conseguimos criar ambientes mais seguros, colaborativos e produtivos”, afirma Babler.
Liderança sob pressão
Em um cenário de transformações constantes — tecnológicas, econômicas e culturais —, o estresse e a sobrecarga emocional têm sido fatores críticos no desempenho das equipes. Segundo Rogério, líderes que ignoram o impacto das emoções perdem um ativo valioso: a confiança.
“Nosso cérebro busca segurança. Quando o líder impõe metas sem clareza ou comunicação empática, ativa o sistema de ameaça, gerando ansiedade e resistência. Já uma liderança que promove pertencimento ativa o sistema de recompensa, estimulando engajamento e inovação”, explica.
Essa compreensão, segundo o especialista, é o ponto central da neuroliderança — a aplicação prática dos conhecimentos da neurociência à gestão de pessoas.
Do comando ao cuidado
O modelo tradicional, baseado no comando e controle, tem perdido espaço para um novo paradigma de liderança mais humana, adaptável e relacional.
“Hoje, o líder precisa ser menos chefe e mais mentor. Ele deve inspirar, ouvir e aprender continuamente. O que diferencia uma equipe mediana de uma equipe de alta performance é o grau de segurança psicológica que ela sente”, destaca Babler.
Segundo estudos do Harvard Business Review, times que se sentem psicologicamente seguros têm 50% mais chances de inovar e reduzem em até 30% os níveis de rotatividade — um dado que reforça a importância da abordagem defendida por Rogério.
Liderar com propósito e consciência
Rogério Babler também aponta que o líder contemporâneo precisa unir propósito e pragmatismo.
“A liderança consciente entende que resultado e bem-estar não são opostos. Um ambiente emocionalmente saudável é mais produtivo, criativo e sustentável”, afirma.
Ele explica que o desafio é treinar o cérebro para lidar melhor com a ambiguidade. “O líder do futuro será aquele que aprender a tolerar o caos, manter o foco em meio à incerteza e conduzir as pessoas com empatia”, diz.
As três competências da liderança no novo cenário
Segundo Babler, o líder preparado para ambientes complexos precisa desenvolver três competências principais:
Autogestão emocional – reconhecer gatilhos de estresse e reagir com consciência.
Comunicação neuroefetiva – saber comunicar-se de forma que o cérebro do outro perceba segurança e clareza.
Cocriação – promover decisões colaborativas, em que as pessoas se sintam parte e não apenas executoras.
“Não basta ter conhecimento técnico. O verdadeiro diferencial está em como o líder influencia o comportamento do grupo de forma saudável e sustentável”, ressalta o especialista.
O futuro da liderança
Na visão de Babler, a liderança do futuro não será apenas digital, será neuronal.
“As mudanças tecnológicas são inevitáveis, mas o que realmente vai distinguir os líderes será a capacidade de compreender o comportamento humano. Quem souber cuidar das pessoas enquanto entrega resultados vai liderar com relevância e longevidade”, conclui.
Fontes consultadas:
Harvard Business Review – The Neuroscience of Trust (http://hbr.org )
McKinsey & Company – Leading with resilience in uncertain times (https://mckinsey.com)
Deloitte Insights – The Human Side of Transformation (http://deloitte.com )
Instituto Brasileiro de Neurociência Aplicada à Liderança (IBNAL) – Estudos sobre comportamento e performance em liderança (https://ibnal.org.br)