O terapeuta lista as características comportamentais de quem sofre com transtorno psicológico
Subestimar o talento e o sucesso do outro. Críticas veladas para menosprezar as vitórias. Você certamente já conviveu com pessoas que se incomodam com seus feitos.Este padrão de comportamento pode estar ligado à síndrome de Procusto, uma condição que estimula emoções como inveja, ira, insegurança e diminuição da autoestima diante do sucesso alheio.
A Síndrome de Procusto remete ao mito grego do gigante Procusto, que forçava viajantes a caber numa cama de ferro — cortando quem era maior ou esticando quem era menor — em sua estalagem na Ática Na psicologia, o termo é usado como metáfora para aqueles que tentam moldar ou limitar os outros às suas próprias expectativas, reprimindo diferenças, conquistas e individualidades. O terapeuta e médico João Borzino lista as características comportamentais de quem sofre com transtorno psicológico
Pessoas com esse padrão costumam:
* Mostrar inveja intensa e baixa autoestima, mas ao mesmo tempo um ego inflado
* Detectar nos outros ameaças ao seu controle e agir para rebaixar essas pessoas, sabotando ideias e conquistas.
* Demonstrar rigidez mental, omissão de informações e aversão a opiniões divergentes
* Ter medo de ser superado, não celebrar os êxitos alheios e resistir a desafios
No ambiente corporativo é ainda mais comum. O problema maior é quando você é amiga de um e não percebe. De acordo com Borzino, seu colega pode sofrer com essa síndrome se você observar:
* Ele não celebra conquistas dos outros ou minimiza vitórias alheias.
* Tende a boicotar ideias, interromper projetos ou criar barreiras.
* Age de modo rígido e ríspido ao ser questionado.
* Tem uma posição dominante, esperando que tudo se encaixe em seus padrões, exibindo insegurança disfarçada.
* Evita delegar, teme ser ofuscado e se sente desconfortável com inovação
O médico também lista como lidar com isso
1. Documente e exponha: reúna exemplos concretos (e-mails, reuniões, comentários), mantendo uma postura clara e objetiva.
2. Converse com transparência: fale em privado, exponha seus sentimentos e o impacto do comportamento — usando “eu sinto” em vez de “você fez”.
3. Estabeleça limites: delegue tarefas com clareza e proteja seu espaço com gentileza mas firmeza.
4. Busque apoio profissional ou RH: em muitos casos, é necessário suporte externo, feedback estruturado ou capacitação em liderança.
5. Para quem sofre internamente: trabalhar sua inteligência emocional – aprendendo a lidar com inseguranças, autoaceitação e reconhecimento do potencial dos demais .
João Borzino diz que não há diagnóstico formal no DSM5, CID-10 ou artigos científicos robustos chamando “Síndrome de Procusto” de transtorno. “É mais uma metáfora clínica e cultural identificada em literatura popular e reflexões psicanalíticas”, diz o terapeuta, que afirma que “tratamento” envolve:
* Psicoterapia psicodinâmica para compreender origens de insegurança e necessidade de controle;
* Terapias cognitivas para reverter pensamentos distorcidos e melhorar reações emocionais;
* Treinamento em empatia e escuta ativa, promovendo integração social saudável.
Pesquisas científicas formais são escassas, mas artigos em periódicos como SciELO mostram que a abordagem terapêutica tende a diminuir comportamentos auto-sabotadores e relações interpessoais disfuncionais .
Ele elencou exemplos cotidianos
* Reunião de trabalho: um colega invalida suas ideias dizendo que “não servem para a empresa” sem nem ouvi-las com atenção.
* Família ou grupos: um parente insiste que você siga o mesmo caminho da vida dele, desprezando quem faz escolhas diferentes.
* Estudos ou comunidade: a pessoa humilha pesquisadores, negando evidências e sugerindo que só ela entende a “verdade”.
Esses comportamentos são sinais claros de uma tentativa de rebaixar os outros para se sentir mais seguro.
Conselho final
Se você se identifica com atitudes do tipo “Procusto”, saiba: mudar é possível. Comece com passos simples:
* Reconheça quando se sente ameaçado e respire.
* Valorize seus pontos fortes e celebre o sucesso dos outros.
* Reflita: por que te incomoda tanto quando alguém brilha?
* Se necessário, procure terapia. Compartilhe seus medos com alguém de confiança.
“Para quem lida com alguém assim: seja gentil, empático, mas firme. Propicie feedback construtivo e encoraje a autorreflexão.
Em resumo: a Síndrome de Procusto não é um diagnóstico oficial, mas um símbolo de comportamentos tóxicos de controle e insegurança. Reconhecer isso, tanto em nós como nos outros, é o primeiro passo para promover ambientes mais humanos, inclusivos e promotores do crescimento mútuo.Você não precisa encaixar ninguém — nem a si mesmo — numa cama que provoca dor. A verdadeira força está em permitir e celebrar as diferenças. Ao liberar espaço para o outro crescer, você cresce também”, finaliza.
(Foto: Divulgação)