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Entenda a história de sucesso por trás da maquiadora e cabelereira brasileira que cuidou da beleza da primeira-dama Janja Lula para a coroação do Rei Charles III na Inglaterra

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Dayane Sena é um exemplo de mulher. A nordestina nasceu em Feira de Santana na Bahia e tem 37 anos de muitas histórias de recomeço. Há 18 anos deixou o Brasil pela primeira vez e foi tentar a vida no Japão. De lá, mudou-se para a Itália e finalmente, para a Inglaterra. Ao longo dessa jornada, Day Sena – como ficou conhecida – passou por inúmeras dificuldades, mas não se deixou ser vencida por nenhuma delas. A principal adversidade foi o passaporte que a conduziu para a vida atual, de um relacionamento tóxico e fracassado que culminou em uma história de resiliência, força e sucesso.

Day deu o seu grande salto na vida e passou de aspirante de maquiadora a maquiadora da primeira-dama do Brasil. A passos lentos, reescreveu sua história e marcou seu nome em Londres, onde é reconhecida pelo trabalho que realiza na exigente elite inglesa. A brasileira ingressou no curso de cabelereira com especialização em escovista aos 16 anos e teve sua primeira oportunidade em um salão de beleza logo em seguida.

O começo foi parecido com o começo da maioria das pessoas: de baixo para cima, degrau por degrau. Day foi contratada para lavar os cabelos das clientes, mas logo se destacou em outra área.
Sempre muito bem arrumada e maquiada, a baiana chamou a atenção de sua patroa, que a convidou para trabalhar como maquiadora profissional. Com um conhecimento suficiente apenas para elaborar as próprias maquiagens e sem condições de fazer cursos profissionalizantes naquele momento, Day recorreu ao YouTube e se debruçou nos vídeos das influenciadoras da época. Camila Coelho foi uma das grandes inspirações. Para aprender as tendências e os segredos, Dayane Sena assistiu a milhares de vídeos e praticou à exaustão. O esforço acabou revelando o que já era evidente: Dayane Sena havia nascido com um talento e maquiar era uma habilidade nata.

Após a mudança para o Japão, vieram outras duas grandes mudanças em sua vida: aos 20 anos casou-se e mudou de país novamente, desta vez para a Itália. O casamento não deu certo e a maquiadora precisou recomeçar sua vida. Entre o final de 2010 e o começo de 2011, voltou para o Brasil e mudou-se para João Pessoa. Na capital da Paraíba Day trabalhou em um salão por três anos, na época, foi colega de trabalho da ex-BBB e cantora Juliette.

Em 2018 Day voltou à Itália, desta vez em uma viagem à passeio. Na ocasião, conheceu um italiano por quem se apaixonou. Com promessas de amor e uma vida melhor, a baiana vendeu tudo o que tinha no Brasil, deixou para trás a família, o trabalho e os amigos e se mudou novamente para a Europa. O conto de fadas que ela imaginava que viveria não passava de uma propaganda enganosa. Ao chegar na Itália, Day descobriu que o novo relacionamento era abusivo e decidiu que novamente precisava recomeçar.

Uma amiga que morava em Londres a convidou para tentar a vida no país. Sem muitas alternativas e poucas perspectivas para o futuro, Day enxergou naquele desafio uma oportunidade de mudar completamente sua história e quem sabe daquela vez, conseguir construir um nome com o seu trabalho. Day aceitou o convite e mudou-se para Londres.

Já no apartamento da amiga, precisou dormir na sala durante um ano. Impulsionada em melhorar aquela condição de vida, decidiu investir nas maquiagens e escolheu seu público alvo: as mulheres da alta sociedade de Londres. Com o nicho, Day estava escolhendo também um grande desafio: mudar completamente a sua maneira de trabalhar, vestir, se posicionar e se comportar.
“Eu anotei tudo o que eu queria em um papel, escrevi com riqueza de detalhes. Anotei coisas do tipo: um dia eu vou viajar de jatinho com minhas clientes ricas”, revela Day.

Aquela decisão demandou todo um investimento. Como era desconhecida, teve que fazer maquiagem e cabelos de graça para que seu trabalho tornasse conhecido. A oferta para as novas clientes era tentadora: ela fazia cabelo e maquiagem e em troca, as clientes publicavam em suas páginas no Instagram marcando sua conta. Funcionou. Rapidamente a divulgação começou a atrair cada vez mais clientes. O boca a boca trabalhou em favor de Day Sena e em seis meses sua história começou a ter outros contornos.

Como havia escolhido seu nicho, e seu foco era trabalhar com a classe “A”, precisou investir em sua imagem para poder atender aquele público. Ela entendeu que para lidar com clientes de alto padrão era necessário que sempre estivesse bem vestida, elegante, com roupas de grife e com produtos de primeira linha. Era necessário oferecer o melhor para atender o melhor público. Quando começou a se inserir no universo do luxo e da alta sociedade, entendeu que mais que sua aparência, precisava investir em um posicionamento extremamente profissional e reservado, para que pudesse permanecer naquele meio, de acordo com as exigências impostas pela realidade daquele público.

Com o reposicionamento, a maquiadora atendeu a namorada de um jogador de futebol famoso, algum tempo depois, a segunda, a terceira, as mulheres ricas da alta sociedade inglesa, as amigas dela, clientes norte-americanas, árabes, canadenses, brasileiras, modelos, e pronto. Seus planos já haviam se materializado e hoje em dia ela viaja de jatinho com as clientes, como havia sonhado anos atrás. A escalada aconteceu devido a vários esforços. Além do investimento na imagem pessoal, reposicionamento e bons produtos, Day também dinstribuiu cartões de visita nos principais hotéis de luxo de Londres, se cadastrou em agências de cabelereiros e maquiadoras autônomas direcionadas para a elite. As agências ensinavam ferramentas importantes para que as profissionais pudessem atender ao público “A” de forma assertiva, respeitando suas exigências e suas culturas, já que eram procuradas por clientes do mundo inteiro. Com as orientações, Day conseguiu otimizar seus atendimentos e foi se tornando cada vez mais requisitada.

Day conta que uma das coisas que entendeu rapidamente, era que precisaria ter bastante descrição. “Para trabalhar com clientes de alto padrão, precisamos ser extremamente leais e discretos, porque seus assuntos envolvem muitas negociações e normalmente, muito sigilo. Nunca foi preciso ninguém me dizer como eu tinha que ser, eu simplesmente entendi qual era o meu papel e fui desempenhando com o máximo de excelência. Hoje tenho clientes que me levam a compromissos em outros países e me tratam como se eu fosse filha ou irmã delas. É uma grande honra para mim, porque sei que são restritas a poucas pessoas”, explica.

Day relata que “no início não foi fácil, quando eu cheguei aqui, eu olhei para esta cidade e vi que aqui a terra era fértil e eu tinha a possibilidade de atingir o melhor público, eu tive que abrir mão de muitas coisas, porque eu comecei a selecionar os trabalhos. Eu foquei no público e foquei em ser a melhor em finalização, eu simplesmente dediquei o meu tempo e o meu dinheiro para ser a melhor na finalização e em maquiagem. Eu queria ter um serviço excelente, um comportamento impecável e uma ética irretocável. Eu me valorizei como pessoa e como profissional. Quando eu aprendi a precificar, eu também aprendi que não se trata de preço, trata-se de valor. Hoje eu tenho uma cliente fixa que faz escova todos os dias e me paga 100 libras mais gorjetas. Eu já cheguei a ganhar 10 mil libras e mais presentes como bolsas e óculos da Louis Vuitton para viajar com minhas clientes para vários países, fora todas as despesas pagas como hotel e alimentação. Se eu acho que já está bom? Não, eu acho que eu ainda posso melhorar e posso colher mais frutos ainda”.

A trajetória da maquiadora aponta para uma mulher que nunca desistiu, que sempre manteve o foco no seu objetivo e que inspira pessoas, principalmente mulheres. Perguntada sobre o momento difícil em sua segunda passagem pela Itália ela diz que aquele episódio traumático da sua vida lhe oferece duas opções: aceitar o relacionamento tóxico e viver paralisada ou reagir contra aquela situação. Ela optou por reagir e recomeçar a vida em um país diferente, o mesmo país que lhe ofereceu uma de suas maiores experiências profissionais. “Nem sempre foi assim, no começo eu trabalhei de graça para que meu nome tornasse conhecido. Eu atendia uma cliente que para chegar até ela eu gastava duas horas de ônibus, porque tinha que fazer escolhas. No começo eu mal falava inglês e fui humilhada por isso. Muitos colegas me desprezaram, mas isso não me parou. Eu decidi focar nas clientes inglesas e melhorar o idioma, isso me fez crescer drasticamente. E aqueles colegas que me desprezaram hoje estão apenas olhando meu crescimento”, comenta.

“Não importa se as pessoas acham que você não tem competência, faça o que você sabe fazer com amor, que com certeza os frutos vão chegar. Tudo o que você planta, você vai colher. E eu, graças a Deus estou colhendo os frutos de tudo que plantei na minha vida e tudo o que plantei na minha história em Londres. Então, eu me sinto muito orgulhosa pela minha história e tudo o que eu vivi vai me fazer ter ainda mais força, mais ânimo de continuar a minha carreira. Eu posso não estar onde eu quero ainda, mas eu não estou mais onde eu estava. Por isso eu encorajo todas a sonhar, a fazer com amor, porque com certeza elas vão viver tudo aquilo que sonharam, assim como eu estou vivendo”, pontua Day Sena.

A caminhada de Day levou seu nome às manchetes de jornais e sites de todo o Brasil, por ser a brasileira responsável pelas maquiagens e cabelo da primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, para participar do jantar no Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak e da coroação do Rei Charles III e da Rainha Camila, no dia 6 de maio em Londres. De acordo com Day, ela foi procurada depois de ter feito uma maquiagem em uma diplomata baiana que mora na Inglaterra. A diplomata publicou uma foto e marcou o perfil de Day Sena. Através da publicação, o Itamaraty chegou até Day e a escolheu para a missão. “Quando entraram em contato comigo, me passaram todos os dados de quando e onde seria feito a maquiagem e o cabelo, mas não disseram o nome da cliente. Então, perguntei o nome para que eu pudesse procurá-la quando chegasse ao hotel. Quando a assessora me falou que se tratava da primeira-dama e pediu sigilo, eu fiquei em choque. Manter aquele sigilo foi uma grande missão, porque é algo que a gente deseja contar para o mundo, mas eu não falei a ninguém e deu tudo certo”, explica.

“Eu sinto muito orgulho de mim, da competência do meu trabalho, por poder maquiar a primeira-dama do Brasil, um país com milhões de habitantes, o meu país, em uma data histórica, que é a data da coroação do Rei Charles III. Então isso me faz entender que realmente quem quer, consegue. Embora todas as dificuldades que passei no início da minha vida, valeu a pena tudo o que eu passei, tudo o que eu sofri, e eu quero com essa história inspirar muitas mulheres, muitas pessoas, o mundo: que se você sonhar você pode conquistar. Nada é impossível para quem acredita. Independente da nossa situação atual, por mais que ela diga que não, precisamos manter o foco no nosso objetivo, a nossa situação não nos define, porque podemos ser aquilo que enxergamos lá na frente”, finaliza a maquiadora.

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Cia Lamira Artes Cênicas apresenta dois espetáculos na Caixa Cultural Rio de Janeiro

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De 19 a 22 de junho, Lamira Viva apresenta ‘Sobre Si’ e ‘GIBI’ no Teatro Nelson Rodrigues com poesia, humor e emoção.

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro será palco, de 19 a 22 de junho, da chegada emocionante da Cia Lamira Artes Cênicas à cidade maravilhosa. Com uma programação dupla que contempla tanto o público adulto quanto o infantil, o grupo leva à cena os espetáculos “Sobre Si” e “GIBI”, com duas sessões de cada montagem durante a temporada do Lamira Viva no Teatro Nelson Rodrigues.

Com uma trajetória reconhecida por seu trabalho autoral e interdisciplinar, a Lamira apresenta um mergulho sensível no universo feminino com “Sobre Si”, e uma aventura lúdica repleta de palhaçadas e histórias em quadrinhos com “GIBI”.

Além das apresentações abertas ao público, a programação inclui uma oficina artística, que será realizada no domingo, 22 de junho, das 10h às 12h, com o objetivo de explorar e desenvolver o processo criativo por trás da construção dos espetáculos. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas pelo e-mail producao@lamira.com.br.

SOBRE SI – UMA EXPERIÊNCIA POÉTICA E INTIMISTA

Com linguagem híbrida de teatro e dança, o espetáculo “Sobre Si” propõe uma reflexão profunda sobre a vida sob o olhar feminino. Criado durante o período de isolamento social, a obra é uma criação autoral da Lamira e convida o espectador a uma jornada poética por temas como ancestralidade, maternidade, maturidade e tempo. Em cena, a mulher idosa e a jovem dividem o palco, representando os ciclos do viver com emoção e sensibilidade.

Com 40 minutos de duração, o espetáculo é um convite ao mergulho interior, tocando o público com sua beleza estética e potência narrativa. Um registro artístico delicado e profundo que dialoga com o amor, a arte e a vida. Sessão de fotos e bate papo com presentes e os artistas após cada apresentação

GIBI – UMA AVENTURA COLORIDA E DIVERTIDA PARA AS CRIANÇAS

Voltado ao público infantil, o espetáculo “GIBI” mistura a linguagem do palhaço com o universo das histórias em quadrinhos para criar uma atmosfera mágica e divertida. Quatro palhaços adormecidos despertam num mundo encantado de HQs, onde descobrem a alegria de brincar, imaginar e viver novas aventuras.

A trilha sonora erudita embala a cena, integrando música, dança, circo e teatro de forma harmoniosa. Uma experiência lúdica e sensorial que encanta crianças e adultos, com um humor inteligente e esteticamente refinado.

CIA LAMIRA ARTES CÊNICAS – ESPETÁCULOS “SOBRE SI” E “GIBI”

Programação:

19/06, 19h; Quinta-feira: SOBRE SI

20/06, 19h, sexta-feira: SOBRE SI – sessão com Libras + Bate-papo após obra

21/06, 15h, sábado: GIBI

22/06, 10h, domingo: Oficina

22/06, 15h, domingo: GIBI

Além das apresentações abertas ao público, a programação inclui uma oficina artística e cota diária de ingressos como ação formativa de público e democratização do acesso, voltadas para estudantes da rede pública de ensino e/ou em situação de vulnerabilidade social. As inscrições para a oficina, bem como para o acesso às cotas de plateia, estão disponíveis mediante solicitação pelo e-mail: producao@lamira.com.br.

Sessão de fotos e bate papo com presentes e os artistas após cada apresentação

Como cortesia, os cinco primeiros clientes CAIXA que comparecerem a cada sessão do espetáculo Sobre Si receberão um cartaz autografado pelas artistas. Para o espetáculo GIBI, também serão disponibilizados cinco cartazes do espetáculo por sessão, também assinados pelos artistas

Serviço:

Lamira Viva!

Local: Teatro Nelson Rodrigues

Endereço: Av. República do Paraguai, 230 – Centro, RJ.

Período: de 19 a 22 de junho de 2025

Apresentações: quinta e sexta às 19h | sábados e domingos às 15h

Classificação etária Gibi: livre

Classificação etária Sobre Si: 10 anos

Duração Sobre Si: 40 min

Duração Gibi: 50 min

Valor do Ingresso: plateia: R$20,00 (inteira) / balcão: R$10,00 (inteira)

Meia Entrada: Clientes CAIXA e todos os casos previstos em lei

Bilheteria Teatro Nelson Rodrigues: quarta a domingo, das 13h às 19h

Telefone: (21) 3083-1785

Vendas on-line em: https://www.bilheteriacultural.com.br/

Acesso para pessoas com deficiência.

Oficina Gratuita:

22/06 das 10h às 12h

Objetivo: Explorar e desenvolver o processo criativo por trás da construção dos espetáculos.

Inscrições: producao@lamira.com.br

Vagas limitadas!

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Negócios

Empresário Fernando Costa cobra prioridade para a educação superior no Brasil

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Durante evento do Instituto IEJA, com palestra do Ministro Jorge Messias, líder empresarial do setor de educação destaca necessidade de um pacto nacional pela educação no brasil.

Brasília – Em mais uma edição do prestigiado Tá na Mesa, promovido pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (IEJA), lideranças dos Três Poderes, do setor produtivo e da sociedade civil reuniram-se em Brasília para um debate de alto nível sobre os desafios estruturais do Brasil. O encontro contou com a palestra magna do Ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que abordou o papel do Estado na garantia da segurança jurídica e no fomento ao desenvolvimento sustentável.

Na ocasião, o empresário Fernando Costa – reconhecido defensor da educação e da modernização institucional no brasil — fez um pronunciamento enfático sobre a urgência de reavaliar a forma como o Estado se relaciona com quem produz no país. “Precisamos urgentemente de mais eficiência dos órgãos estatais.

O Brasil só avançará quando o governo colocar a educação, no centro das políticas públicas” Para o CEO do IEJA, Renato Mello, a presença de autoridades como o Ministro Jorge Messias e lideranças empresariais como Fernando Costa reforça o papel do Instituto como espaço de articulação estratégica. “A integração entre os Poderes e o setor produtivo é vital para construirmos um país mais moderno, justo e eficiente. A educação é a base de tudo — e precisa ser tratada como tal”, afirmou.

Consolidado como um dos principais fóruns de interlocução institucional do país, o Tá na Mesa reafirma a missão do IEJA de promover debates de alto impacto sobre os temas mais relevantes para o Brasil contemporâneo.

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Geral

Do barro à dignidade: Leonardo Costa Pereira e a arte de reconstruir vidas com as próprias mãos

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Entre sirenes, silêncios e reencontros, um brasileiro redefine o que é, afinal, salvar alguém — e ensina que o verdadeiro resgate começa onde termina o aplauso.

Quando as águas baixam, os holofotes se apagam. O helicóptero parte, as equipes se recolhem, e a cidade — ou o que sobrou dela — tenta lembrar como era respirar antes do medo. É nesse instante, quando o mundo vira a página, que Leonardo Costa Pereira chega. Ou, na verdade, permanece.

Mineiro de fala mansa e passos firmes, Leonardo é uma daquelas presenças que não se impõem, mas que fazem falta quando se vão. Fisioterapeuta de formação, bombeiro militar por escolha estratégica e humanitário por essência, ele construiu uma carreira onde a fronteira entre o salvamento e a reabilitação simplesmente não existe.

“Salvar é interromper a morte. Mas cuidar… cuidar é ensinar a vida de novo”, diz, como quem já fez isso muitas vezes — e fez.

Leonardo esteve onde o Brasil que sangra se expõe: nas barragens rompidas de Mariana e Brumadinho, nas águas que engoliram o Rio Grande do Sul, no terremoto que varreu cidades na Turquia, no rastro deixado pelos ciclones em Moçambique. Em cada uma dessas geografias de dor, ele não apenas resgatou corpos — resgatou histórias, gestos, vínculos.

Mas sua inquietação ia além do instante dramático da emergência. Foi ao ver vítimas “salvas” afundarem dias depois em sequelas físicas e abandono que decidiu que algo precisava mudar. E mudou.

Unindo o saber clínico ao chão do desastre, Leonardo fundiu duas disciplinas que raramente se conversam: o socorro emergencial e a reabilitação física. Onde o sistema via alta, ele via continuidade. Onde o protocolo encerrava, ele abria espaço para o recomeço.

Seu trabalho mais recente, porém, revela o alcance da sua visão: um projeto de terapia assistida por cães voltado a crianças neurodivergentes em comunidades vulneráveis. Cães antes treinados para localizar vítimas sob escombros agora ajudam a despertar sorrisos, movimentos e conexões em crianças com autismo e TDAH.

“O animal chega antes da linguagem. Ele atravessa o ruído e alcança o que a palavra não toca”, resume Leonardo, que desenvolveu o modelo em parceria com educadores comunitários. O programa não só estimula as crianças, mas capacita professores, cuidadores e familiares com ferramentas reais, práticas — pensadas para funcionar onde faltam recursos, mas sobram necessidades.

E é esse o traço mais marcante da sua abordagem: a aplicabilidade. Leonardo não desenha soluções de gabinete. Ele simplifica, traduz, adapta. Constrói manuais que cabem no bolso, técnicas que cabem em contextos extremos. Seus cursos de formação já alcançaram corporações em diversos estados brasileiros e integram missões de ajuda internacional com um diferencial raro: a empatia aplicada como método.

Leonardo sabe que velocidade salva. Mas também sabe que o toque certo, no tempo certo, pode evitar uma cadeira de rodas, uma dor crônica, uma desistência silenciosa. E que a coragem não mora só no resgate dramático, mas também no retorno persistente aos lugares onde ninguém mais quer voltar.

Hoje, seu nome começa a circular não apenas entre bombeiros e fisioterapeutas, mas em rodas onde se discutem políticas públicas, inovação social e modelos de resposta sistêmica em zonas de crise. Sem pretensão de protagonismo, Leonardo se tornou referência — não por querer ser exemplo, mas por se recusar a ser exceção.

“Eu só quero que funcione. Que faça sentido. Que alguém possa continuar o que começamos, mesmo depois que eu partir.”

Em um país acostumado a tratar tragédias como episódios isolados, Leonardo Costa Pereira nos lembra que toda vida salva precisa — e merece — ser sustentada. Que o resgate não é o fim da história. É o começo. E que às vezes, entre a lama e a dignidade, basta alguém que decida ficar.

 

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