O termo ghosting tem ganhado cada vez mais destaque no vocabulário das relações contemporâneas, especialmente no contexto das interações digitais. Em uma era marcada pela comunicação rápida e constante, o ghosting — ato de cortar abruptamente o contato com alguém sem explicações — tornou-se um comportamento comum, mas frequentemente doloroso. Para entender o impacto psicológico desse fenômeno, conversamos com a psicóloga e especialista em saúde mental, Daniela Cracel.
O Que é o Ghosting?
“Ghosting é quando uma pessoa desaparece da vida de outra sem qualquer aviso ou explicação, seja em um relacionamento amoroso, amizade ou até mesmo em contextos profissionais”, explica Daniela Cracel. O fenômeno tem se tornado mais comum com o aumento das interações virtuais, onde, muitas vezes, o outro lado da conversa pode ser facilmente ignorado ou ignorada.
“É uma prática que pode ser muito dolorosa para quem a sofre, pois cria uma sensação de rejeição súbita e não compreendida”, afirma a psicóloga. “Ao desaparecer sem dar nenhuma explicação, a pessoa que sofre o ghosting fica com muitas dúvidas sobre o que aconteceu e se sente descartada.”
O Impacto Emocional do Ghosting
Para Cracel, o ghosting pode gerar impactos profundos na saúde mental de quem é deixado para trás. “Quem sofre ghosting muitas vezes se sente impotente e inseguro, questionando o que fez de errado. Isso pode gerar uma sensação de rejeição que mexe com a autoestima e confiança da pessoa”, observa.
Ela explica que, em um contexto emocional, o desaparecimento de alguém sem explicações pode desencadear sentimentos de abandono e ansiedade. “Esse tipo de comportamento pode afetar negativamente a saúde emocional, criando inseguranças que vão além do relacionamento específico”, acrescenta.
Como Lidar com o Ghosting?
A psicóloga sugere que, para lidar com o ghosting, é essencial primeiro entender que ele não é uma reflexão sobre o valor pessoal da vítima. “O ghosting é um comportamento da pessoa que o pratica, e não um reflexo daquilo que a vítima fez ou deixou de fazer”, enfatiza.
Cracel sugere que a chave para superar a dor do ghosting está em cultivar o autocuidado e não se deixar definir pela experiência. “Buscar apoio de amigos, familiares ou até mesmo de um profissional pode ajudar a processar o ocorrido e evitar que isso afete negativamente a forma como você se vê”, afirma.
A Cultura do Ghosting nas Redes Sociais
Com o aumento da comunicação pelas redes sociais, o ghosting tornou-se mais comum. A psicóloga aponta que a facilidade de cortar o contato de forma digital contribui para essa prática. “Na era digital, onde a interação é muitas vezes impessoal, o ghosting parece ser uma forma rápida e ‘sem compromisso’ de terminar uma relação, sem a necessidade de dar uma explicação. No entanto, isso pode ser emocionalmente prejudicial”, diz.
Cracel acredita que, como sociedade, devemos buscar formas de cultivar a empatia nas relações digitais. “A empatia deve ser um valor central em todas as formas de comunicação, seja online ou offline. A capacidade de comunicar honestamente e com respeito é fundamental para evitar os danos que o ghosting pode causar”, conclui.
Conclusão
O ghosting, embora seja um comportamento cada vez mais comum nas relações contemporâneas, traz consigo um peso emocional considerável. A psicóloga Daniela Cracel destaca que, para lidar com as consequências desse fenômeno, é necessário focar no autocuidado, na compreensão de que o comportamento do outro não define quem somos, e buscar apoio quando necessário. Em última análise, a empatia e a comunicação aberta são fundamentais para criar relações mais saudáveis e respeitosas, tanto no mundo digital quanto no físico.