Criado para conscientizar sobre a prevenção do suicídio, o Setembro Amarelo ultrapassa a ideia de uma simples campanha. É um movimento global de saúde pública que busca quebrar o silêncio, reduzir o estigma e oferecer informação segura sobre um dos maiores desafios da saúde mental contemporânea.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, a taxa média é de 6,5 por 100 mil habitantes, com maior prevalência entre jovens de 15 a 29 anos. Para cada caso consumado, estima-se que ocorram 20 tentativas.
“Esses números não podem ser vistos apenas como estatísticas. Cada vida perdida significa uma família impactada e uma história interrompida. A prevenção é possível, mas exige informação, acolhimento e acesso a tratamento em saúde mental”, afirma o médico Dr. Iago Fernandes, especialista em saúde mental.
Fatores de risco e de proteção
O suicídio não tem causa única. Ele é multifatorial, envolvendo condições biológicas, psicológicas e sociais. Entre os principais fatores de risco estão transtornos mentais como depressão, bipolaridade e esquizofrenia, histórico de traumas, isolamento social, desemprego e violência.
Ao mesmo tempo, existem fatores de proteção que reduzem significativamente o risco. “Uma rede de apoio sólida, acesso rápido a psicoterapia e psiquiatria, práticas de autocuidado e um ambiente seguro são escudos fundamentais contra o suicídio”, explica Dr. Iago.
Ele acrescenta que cultivar um propósito de vida é uma ferramenta poderosa. “Projetos pessoais, voluntariado e atividades que tragam significado ajudam a resgatar a esperança e lembram o indivíduo de que sua vida tem valor.”

O silêncio que adoece
Muitas famílias e comunidades ainda acreditam que falar sobre suicídio pode estimular o ato. O especialista esclarece que acontece justamente o contrário.
“Conversar de forma responsável não incentiva, mas salva vidas. O silêncio é o que adoece. Acolher e escutar sem julgamento abre espaço para que quem sofre possa pedir ajuda antes que seja tarde”, afirma Dr. Iago Fernandes.
O poder da escuta
Para alguém em sofrimento intenso, a dor pode parecer eterna. Nesses casos, uma escuta empática pode ser determinante.
“Não minimize a dor de quem sofre. Frases como ‘vai passar’ ou ‘isso é fraqueza’ só aumentam o isolamento. Escute, valide o sofrimento e encaminhe essa pessoa para ajuda profissional”, orienta o médico.
Tratamento e prevenção
O suicídio é prevenível quando existe intervenção adequada. Entre as estratégias mais eficazes estão:
• Psicoterapia baseada em evidências
• Uso de medicação quando indicado
• Grupos de apoio
• Educação comunitária sobre sinais de alerta
• Redução do acesso a meios letais
“O tratamento deve ser individualizado, considerando a realidade de cada pessoa. O ponto central é nunca deixar que alguém enfrente essa dor sozinho”, reforça o especialista.
Para o Dr. Iago Fernandes, o Setembro Amarelo deve ser visto como um convite ao diálogo e à empatia.
“Ninguém precisa carregar esse peso sozinho. Quando falamos sobre saúde mental, não falamos apenas de prevenção ao suicídio, mas de vida, de esperança e de novas possibilidades. Cada gesto de acolhimento pode salvar alguém”, conclui.
Canais de ajuda no Brasil
📞 CVV – Centro de Valorização da Vida: 188 (ligação gratuita 24h)
💬 https://www.cvv.org.br – chat e e-mail
🚑 Emergências: SAMU 192 ou UPA mais próxima