Com a chegada da Inteligência Artificial ao centro das decisões corporativas, uma habilidade humana se destaca como diferencial estratégico: o conhecimento sobre o funcionamento do cérebro. Em um cenário onde a tecnologia evolui em ritmo acelerado, líderes que compreendem como as pessoas pensam, sentem e reagem estão mais preparados para conduzir equipes com empatia, assertividade e inteligência emocional.
Rogério Babler, diretor geral da mhconsult e especialista em desenvolvimento de lideranças, defende que o autoconhecimento e a neurociência aplicada ao comportamento humano serão diferenciais essenciais para quem deseja liderar com eficácia na era da IA.
“Estamos diante de um novo tempo, em que liderar não é apenas tomar decisões ou cumprir metas. É entender como o cérebro humano funciona para lidar com a ansiedade, o excesso de estímulos e as mudanças constantes”, afirma Babler. “Quem conhece os próprios gatilhos emocionais e entende os mecanismos cerebrais de motivação, tomada de decisão e gestão de conflitos, sai na frente.”
Segundo ele, a IA pode otimizar processos, analisar dados e até tomar decisões operacionais, mas ainda é o ser humano quem inspira, conecta e transforma ambientes. “A liderança não pode ser delegada à máquina. Ela exige presença, escuta ativa e compreensão da complexidade emocional das pessoas. E tudo isso começa pelo cérebro — o nosso e o dos outros.”
Babler também destaca que líderes que entendem os efeitos do estresse crônico, da dopamina e da oxitocina no ambiente de trabalho conseguem criar times mais engajados e produtivos. “O cérebro busca segurança, pertencimento e propósito. Quando um líder entende isso, ele consegue construir culturas organizacionais mais saudáveis, humanas e resilientes.”
Em tempos de IA, ele conclui, o líder que deseja permanecer relevante precisa equilibrar tecnologia com humanidade. “Não é sobre competir com a inteligência artificial, e sim sobre desenvolver a inteligência humana. E isso passa por compreender como pensamos, sentimos e agimos — a neurociência aplicada é o mapa desse novo território.”
Para Babler, o futuro da liderança será cada vez mais neuroconsciente — e essa pode ser a chave para transformar os desafios tecnológicos em oportunidades de crescimento coletivo.