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Saúde

Quem vai cuidar de você na velhice?

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Porto Alegre antecipa os dilemas de uma sociedade que envelhece com menos filhos e mais domicílios unipessoais

No bairro Bom Fim, em Porto Alegre, uma senhora de 78 anos vive sozinha em um apartamento de dois quartos. Os filhos moram em outros estados e a rotina dela é compartilhada apenas com os vizinhos mais próximos e com um grupo de amigas que se reúne para jogar cartas às quintas-feiras. A cena, que poderia parecer isolada décadas atrás, hoje é estatística: 28,5% dos domicílios da capital gaúcha são unipessoais. Entre eles, a maioria é composta por pessoas acima dos 60 anos.

Porto Alegre tornou-se um retrato antecipado do Brasil. Segundo o IBGE, mais de 43 mil pessoas com 60 anos ou mais já vivem sozinhas na cidade. O dado acompanha uma tendência nacional: em 2022, pela primeira vez, o país passou a ter mais pessoas com 65 anos ou mais do que crianças de até cinco anos.

Porto Alegre como laboratório do futuro

O economista Aod Cunha aponta que o processo é profundo e irreversível:

“O bônus demográfico está acabando. Em pouco tempo, o Brasil terá menos jovens entrando no mercado de trabalho e mais pessoas precisando de cuidado. O Rio Grande do Sul já vive isso antes do resto do país, porque já perdeu população e tem uma das maiores proporções de idosos do Brasil. Porto Alegre é um laboratório do futuro.”

A perda populacional, explica Cunha, está ligada também a motivos econômicos: muitos jovens saem em busca de oportunidades melhores em outros estados ou países. Enquanto isso, a taxa de fecundidade recua — atualmente em 1,57 filhos por mulher, abaixo dos 2,1 necessários para reposição —, e a expectativa de vida aumenta, hoje em torno de 77 anos. O resultado é uma sociedade mais longeva e com lares cada vez menores. 

Cunha lembra também que o Brasil atravessa a sexta transição demográfica mais rápida da história mundial, processo que aqui ocorre em poucas décadas e não em mais de um século, como na Europa. Isso significa que as mudanças sociais e econômicas chegam com muito mais velocidade — e exigem também novas formas de lidar com o envelhecimento.

O mito da garantia

Por muito tempo, sustentou-se a ideia de que ter filhos seria uma espécie de seguro para a fase madura da vida. Mas famílias menores, migrações e dificuldades concretas mostram que essa crença não se confirma.

A psicanalista Camila Camaratta reflete a partir do que escuta em sessões na  clínica:

“Esse imaginário de que os filhos vão, necessariamente, cuidar dos pais é um mito. É preciso pensar nessa etapa da vida em termos de rede, de políticas públicas e de vínculos que transcendam o modelo familiar tradicional. Quando olhamos para Porto Alegre, já vemos claramente essa realidade: milhares de pessoas vivendo em domicílios unipessoais e precisando reinventar suas formas de apoio”, aponta.

A psicanálise diante da longevidade

A psicanálise oferece chaves importantes para pensar o impacto subjetivo de viver mais. Sigmund Freud, em A Transitoriedade (1915), escreveu: “a transitoriedade do que é belo não significa perda do seu valor, mas um acréscimo”. Reconhecer os limites do tempo, nesse sentido, é também dar mais valor ao presente.

Françoise Dolto falava do direito à vulnerabilidade: poder ser cuidado não é sinal de fracasso, mas de humanidade. Joel Birman acrescenta que “o envelhecer é a experiência do tempo que falta”, convocando o sujeito a elaborar perdas e transformações.

Camila reforça que a maturidade não é apenas biológica, mas também psíquica:

— Esse processo nos confronta com a transitoriedade, mas também com a possibilidade de revisitar nossa história. É um tempo de transformações, contradições e integrar as experiências da vida. 

O filósofo Byung-Chul Han, em Sociedade do Cansaço, lembra que vivemos em um modelo social que só reconhece a produtividade. “A sociedade do desempenho é cega para essa etapa da vida, pois só reconhece a vitalidade que produz”. Nesse contexto, o idoso muitas vezes se vê invisibilizado — quando, na verdade, representa uma parte vital da vida social.

Camila Camaratta observa que esse é justamente o momento em que a psicanálise pode cumprir seu papel mais profundo: “A etapa madura não é um tempo para inventar vínculos do nada. Eles se constroem ao longo da vida. Mas é um momento essencial para refletir, elaborar o que foi vivido e, sobretudo, honrar a própria trajetória. Esse é o convite que a análise pode oferecer”, comenta. 

Ela acrescenta que o autoconhecimento é fundamental para atravessar essa fase:

“É preciso olhar para dentro, compreender nossos desejos, nossas escolhas e nossos limites. Só assim podemos viver mais tempo de forma significativa, e não apenas mais tempo cronológico. O autoconhecimento é a chave para essas e outras questões existenciais”. 

Cuidar como projeto coletivo

Uma das alternativas já praticadas em outros países é o cohousing sênior, criado na Dinamarca nos anos 1960. Nesse modelo, pessoas maduras vivem em casas ou apartamentos privativos, mas compartilham áreas comuns e atividades, formando uma rede de apoio mútuo.

“O cohousing mostra que essa etapa da vida pode ser vivida de forma autônoma e, ao mesmo tempo, compartilhada. É um modelo que cria pertencimento, onde o cuidado deixa de ser obrigação e se transforma em convivência saudável”,  afirma Camaratta.

Se a pergunta “quem vai cuidar de você no futuro?” inquieta, talvez seja preciso reformulá-la. Não se trata apenas de depositar essa responsabilidade na família. O desafio é construir redes de cuidado coletivas, que envolvam políticas públicas, moradias alternativas, centros de convivência, vizinhança e comunidade.

Camaratta conclui: “O futuro do cuidado não pode ser pensado de forma individual. Precisamos inverter a lógica da pergunta. Mais do que “quem vai cuidar de mim?”, deveríamos pensar “como podemos cuidar uns dos outros e de nós mesmos?”.

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Saúde

Homenz, a revolução da estética masculina no Brasil

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O Brasil é um país que ano após ano o público masculino vem se cuidado cade vez mais, com números crescentes inacreditáveis e Fortaleza agora tem um belíssimo e amplo espaço destinado totalmente para homens que gostam de se cuidar, com procedimentos estéticos corporais e faciais jamais visto na capital cearense.

A proposta da Homenz vai além dos serviços: o ambiente é cuidadosamente planejado para acolher o homem moderno.

As clínicas oferecem desde tratamentos capilares (como transplante e MMP capilar) até estética facial, corporal, depilação a LED, harmonização facial e protocolos de performance e emagrecimento.

Com muita tecnologia avançada e profissionais capacitados, Fortaleza ganha a primeira clínica de estética na e beleza somente para homens, a Homenz, localizada no coração da cidade e com uma mega estrutura.

Homenz inaugurou sábado dia 01 de novembro com sucesso total e fica localizada na Av Dom Luís 1050 e já é o mais novo endereço de homens modernos, chiques e que gostam de se cuidar, assim como o empreendedor e visionário Victor Martins .

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Saúde

Dia Mundial da Prematuridade: 7 pontos de atenção sobre os traumas emocionais e sensoriais que o bebê prematuro pode carregar, segundo o psicólogo Manoel Augusto Bissaco

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O especialista em psicologia pré e perinatal Manoel Augusto Bissaco explica como o nascimento antes do tempo ideal pode deixar marcas sutis — e o que pais e cuidadores podem fazer para fortalecer o vínculo e o desenvolvimento emocional do bebê

O Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, é um lembrete sobre os desafios enfrentados por bebês que chegam ao mundo antes da hora. Além dos cuidados médicos, há um aspecto muitas vezes esquecido: o impacto emocional e sensorial dessa chegada precoce.

Segundo o psicólogo Manoel Augusto Bissaco, especialista em psicologia pré e perinatal, o nascimento antecipado pode ser vivenciado pelo bebê como uma experiência abrupta, marcada por separações, ruídos intensos e ausência do contato constante com a mãe — elementos que influenciam o modo como o sistema nervoso e o vínculo afetivo se desenvolvem.

A seguir, o especialista lista sete pontos essenciais sobre os possíveis traumas da prematuridade e como amenizá-los:

1. O nascimento precoce interrompe o ciclo natural de segurança

O bebê prematuro sai do útero antes de concluir seu amadurecimento fisiológico e emocional. “O ambiente uterino é o primeiro espaço de segurança. Quando essa etapa é interrompida, o bebê pode carregar uma memória de insegurança e alerta”, explica Bissaco.

2. O excesso de estímulos pode gerar sobrecarga sensorial

Em unidades neonatais, o bebê é exposto a luzes, sons e procedimentos invasivos. Essas experiências, segundo o psicólogo, podem deixar marcas no sistema nervoso, tornando a criança mais sensível a ruídos, toques e mudanças de ambiente.

3. A separação precoce da mãe interfere no vínculo

A internação do bebê em incubadoras impede o contato pele a pele constante, essencial para o apego seguro. “O toque, o cheiro e o som da voz da mãe são reguladores emocionais. A ausência deles pode gerar dificuldades futuras de vínculo”, afirma o especialista.

4. O corpo guarda memórias mesmo sem consciência

Bissaco lembra que “a memória corporal se forma antes da memória cognitiva”. Ou seja, experiências de dor, frio ou solidão vividas na UTI neonatal podem se traduzir mais tarde em padrões de ansiedade, hipervigilância ou dificuldade de relaxar.

5. O papel dos pais é essencial na reparação emocional

Mesmo que o início seja desafiador, o contato afetuoso, o colo, o olhar e o tempo de qualidade têm poder reparador. “O corpo do bebê aprende novamente a confiar no mundo quando se sente acolhido e protegido por seus cuidadores”, reforça o psicólogo.

6. O toque e o olhar têm função terapêutica

O toque suave, a amamentação e o contato visual são estímulos que ajudam o bebê a reorganizar seu sistema nervoso. “Essas experiências repetidas transmitem segurança e ajudam o cérebro a sair do estado de alerta para o estado de calma”, explica Bissaco.

7. A escuta terapêutica pode ajudar na integração das experiências

Em alguns casos, o acompanhamento psicológico pré e perinatal auxilia tanto os pais quanto a criança a ressignificar o início difícil. “A terapia não apaga o passado, mas ajuda a transformá-lo em um ponto de força”, afirma o especialista.

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Saúde

Rinoseptoplastia: quando respirar melhor é também um gesto de amor-próprio

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Respirar bem é algo que parece simples, mas que influencia praticamente tudo no nosso dia a dia — do sono à disposição, do humor à concentração. Quando o ar não passa direito pelas vias nasais, o corpo sente: vem o cansaço, a falta de energia e até a dificuldade de se concentrar nas tarefas mais simples. E é aí que entra um procedimento que une saúde e autoestima: a rinoseptoplastia.

O Dr. Edson Leite Freitas, otorrinolaringologista formado pela USP, com especialização em Cirurgia Plástica Facial e mais de 1.800 procedimentos realizados em pacientes de 19 países, explica que a rinoseptoplastia vai muito além da estética. “O nariz é um dos traços mais marcantes do rosto. Pequenas insatisfações com o formato ou proporção podem gerar um desconforto que acompanha o paciente por anos. Quando a cirurgia traz harmonia facial e melhora funcional, o resultado é uma transformação que se reflete por completo”, afirma.

De um lado, a cirurgia corrige problemas respiratórios, como desvio de septo e obstruções nasais, devolvendo a capacidade de respirar bem. Isso se traduz em noites de sono mais reparadoras, mais energia e até melhor desempenho físico. De outro, há o impacto emocional: pessoas que antes evitavam fotos, se incomodavam com o espelho ou sentiam vergonha do próprio rosto passam a se enxergar com mais leveza e confiança.

O ganho estético é, muitas vezes, o que motiva a decisão, mas o resultado vai além. A melhora funcional e emocional caminha junto, reforçando a ideia de que cuidar da aparência também é cuidar da saúde.

No fim, a rinoseptoplastia é sobre equilíbrio — entre forma e função, entre estética e bem-estar. É sobre respirar melhor e se sentir bem com quem se é.

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