Com quase 30 anos à frente da ESTRUTURAL, empresário de Praia Grande (SP) compartilha aprendizados de quem cresceu sem atalhos, driblando a falta de recursos com foco e consistência
Empreender no Brasil nunca foi tarefa simples. Fora dos grandes centros urbanos, os desafios são mais silenciosos, mas não menos complexos. Faltam incentivos, sobram burocracias e, muitas vezes, o apoio aparece só depois que o resultado vem. Foi nesse ambiente, longe dos polos econômicos, que Alexandre Milani decidiu abrir a própria empresa, mesmo sem capital, diploma ou rede de contatos influente.
Em 1996, nascia a ESTRUTURAL. Com estrutura mínima e concorrência pesada, Alexandre iniciou a operação focada em atender o setor público com obras de serralheria, estruturas metálicas, quadras esportivas e playgrounds. O modelo, baseado em licitações, exigia organização, precisão e entrega. A empresa cresceu devagar, mas com firmeza. E, desde o início, a ideia era clara: entregar o que promete, sem atalhos nem improviso.
“Foco, planejamento e uma equipe que queira avançar junto. É isso que faz diferença. E, acima de tudo, trabalhar com propósito. Não adianta abrir um negócio se você não sabe por que está fazendo aquilo”, afirma.
Mesmo sem formação acadêmica, Milani construiu autoridade com base na prática. A trajetória começou como office boy, passou pela venda de livros e ganhou fôlego na produção de mobiliário escolar, ao lado do pai. Tudo o que aprendeu veio da operação, do contato direto com fornecedores, clientes e desafios do dia a dia. “O que me fez crescer foi permanecer. Enquanto muita gente desistia no primeiro obstáculo, eu seguia tentando mais uma vez”, diz.

Com o tempo, ele percebeu que era possível ampliar sua atuação. A ligação com o campo, presente desde a infância, abriu caminho para a produção de leite de búfala, hoje entregue a laticínios da região. A entrada no agronegócio trouxe estabilidade e ampliou as frentes de negócio. Em seguida, vieram os investimentos em propriedades rurais, com foco em expansão e valorização de áreas produtivas.
Na visão de Alexandre, empreender fora dos grandes centros exige mais que criatividade. É preciso ter resistência, saber com quem contar e entender a dinâmica local. “Em cidade pequena, todo mundo conhece seu trabalho. Não dá para errar e esperar que passem pano. Se você faz bem feito, as pessoas te recomendam. Se falha, a notícia corre mais rápido do que você imagina.”
Hoje, Alexandre administra diferentes operações com foco absoluto na entrega. Sem redes sociais, sem site e longe dos holofotes, ele prefere manter o ritmo das coisas bem ajustado, com os olhos no que precisa ser resolvido. Sua história é a prova de que empreender não depende de palco, nem de atalhos. Depende de saber o que se faz, fazer bem feito e seguir em frente, mesmo quando ninguém está olhando.