Pedagoga de São Carlos dedica a carreira à educação inclusiva, cria método próprio e projeta a expansão internacional de práticas psicopedagógicas
Natural de São Carlos, interior de São Paulo, a pedagoga Jessica Aparecida Camilo Mendes, de 37 anos, construiu a sua trajetória acreditando que a educação pode transformar vidas e que inclusão não é apenas um conceito, mas uma prática diária. Com graduação em Pedagogia, especializações em Educação Especial e Psicopedagogia e 4 anos de experiência na área, ela consolidou um percurso voltado à construção de práticas pedagógicas capazes de valorizar a singularidade de cada estudante e promover não apenas aprendizado, mas também autonomia e integração social.
Seu primeiro contato com a educação inclusiva aconteceu ainda durante a graduação, em um estágio em escola especializada no atendimento a crianças com necessidades educacionais especiais. O cotidiano com esses estudantes despertou nela uma vocação, pois exigia adaptações constantes, criatividade e sensibilidade para enxergar cada aluno como único. A partir desse momento, Jessica decidiu que faria da inclusão a base de sua atuação profissional, acreditando que a educação é a chave para revelar potenciais ocultos e construir trajetórias possíveis.
Após concluir a graduação, ingressou como professora na rede pública do Estado de São Paulo, atuando em escolas de São Carlos e Dourado. Nesse período, acompanhou estudantes com deficiência e desenvolveu metodologias diferenciadas que permitissem avanços no processo de aprendizagem. A prática em sala de aula evidenciou a necessidade de aprofundar seus conhecimentos, o que a motivou a buscar a pós-graduação em Educação Especial, que trouxe novas bases teóricas, e em seguida a Psicopedagogia, que ampliou suas ferramentas para lidar com dificuldades de aprendizagem em uma perspectiva clínica e educacional.
Com essa formação, abriu-se a oportunidade de atuar no Instituto Federal de São Paulo, campus São Carlos, onde passou a atender estudantes com dificuldades diversas. Nesse ambiente desafiador, ela fortaleceu sua capacidade de criar estratégias personalizadas, que iam além de melhorar o desempenho acadêmico, pois também impactavam a autoconfiança e a motivação dos alunos. A cada atendimento, Jessica percebia que intervenções bem planejadas faziam a diferença entre o fracasso escolar e o desenvolvimento pleno.

Sua carreira se consolidou em contato com públicos muito distintos, desde crianças com paralisia cerebral, autismo, deficiência intelectual e microcefalia até aquelas com altas habilidades e superdotação. Cada situação exigia estudo e criação de metodologias específicas, o que moldou sua visão humanizada da educação. Para ela, “cada criança é uma pedra a ser lapidada, e a educação é o instrumento que revela seu brilho”, frase que resume sua crença de que todo estudante tem potencial a ser despertado quando recebe as estratégias corretas.
Na sequência, Jessica passou a atuar como professora de Educação Especial na Prefeitura Municipal de São Carlos, ampliando seu impacto ao acompanhar de perto os desafios da inclusão escolar em diferentes etapas do ensino básico. A experiência mostrou que políticas públicas e recursos são importantes, mas o olhar atento do professor e a personalização das práticas pedagógicas são o que realmente transformam a vida de cada aluno. Essa vivência reafirmou sua convicção de que a educação inclusiva depende tanto de gestão comprometida quanto de profissionais preparados e sensíveis.
Em 2023, ela deu um passo decisivo ao criar o Método EMA (Estratégia Multissensorial de Aprendizagem Inclusiva), uma proposta inovadora para superar os limites de métodos tradicionais. O EMA se diferencia por combinar atividades multissensoriais: visuais, auditivas, táteis e motoras, com o uso de recursos digitais e materiais concretos adaptados, além de estratégias personalizadas que respeitam a singularidade de cada aluno. A metodologia tem como base a psicopedagogia, valorizando a autonomia, a observação contínua e o desenvolvimento socioemocional como pilares para o processo de aprendizagem.
Os resultados já conquistados são expressivos e reforçam a relevância do projeto. Houve aumento de até 40% na participação ativa dos alunos, melhora significativa na comunicação funcional de crianças não verbais, além da redução de episódios de frustração e resistência às tarefas escolares. Outro ponto relevante foi o crescimento da autonomia em atividades da vida diária e acadêmicas, mostrando que o método não apenas ensina conteúdos, mas favorece a independência e a autoestima. Para Jessica, “a diferença não limita, ensina”, e essa filosofia orienta cada aplicação do EMA.
Nos próximos anos, Jessica pretende colocar em prática um projeto que considera um dos mais importantes de sua carreira: a criação de um centro de apoio educacional e psicopedagógico dedicado a atendimentos clínicos especializados e à capacitação de professores. O espaço será um ponto de encontro entre ciência e prática, ampliando o alcance de metodologias inclusivas e fortalecendo o preparo de profissionais da área.
Outro passo planejado é a expansão do Método EMA, onde pretende adaptá-lo a diferentes contextos culturais e consolidar a psicopedagogia clínica em escala global. Sua visão é de que o futuro da educação inclusiva depende da coragem de romper padrões e da capacidade de olhar cada estudante como único, independentemente de suas condições.

Jessica representa uma geração de educadores que acreditam no poder da personalização do ensino para transformar vidas.
Escrito por: Nathalia Pimenta.