Com uma história marcada por criatividade, trabalho duro e visão de negócio, ele se tornou referência em reestruturação de empresas em Americana-SP
Desde pequeno, Fabrizio Gallo soube que esperar não era uma opção. Se queria algo, era melhor correr atrás. Ainda criança, começou a vender geladinhos na saída da escola. Quando o frio chegou e a clientela sumiu, ele pensou rápido: trocou o produto por coxinhas de frango feitas com uma receita tirada do caderno da mãe. A lógica era simples — e muito prática para alguém com menos de 10 anos. Entender o que as pessoas querem, adaptar o produto e fazer acontecer.
Filho de uma professora e de um representante comercial, Fabrizio cresceu em uma casa onde a palavra “limite” era mais real do que “luxo”. Aos 10 anos, viu o pai abrir uma bicicletaria na garagem de casa e acabou assumindo o negócio depois da escola. Cuidava do balcão, entendia o que cada cliente precisava e até montava modelos sob medida. Vendeu a loja antes mesmo de completar 12 anos — e participou de todo o processo de transição. Nessa idade, muita gente está preocupada com o time da escola. Ele, com fornecedores.
Com o tempo, vieram o primeiro computador, o curso de informática e os freelas para o comércio local. Aos 15, já estagiava em uma multinacional, circulando por setores e conhecendo de perto como funcionava uma grande empresa. “Foi ali que entendi que bastidores contam muito. E que resolver problemas de verdade exige escutar antes de agir”, relembra.

O caminho foi se construindo com experiências diversas: redes de varejo, tecnologia de segurança, operações de distribuição. Em cada etapa, Fabrizio reunia ferramentas que, mais tarde, fariam diferença em uma virada inesperada.
Um dia, foi chamado para instalar câmeras de segurança em uma fábrica de colchões. Fez o orçamento, o trabalho foi aprovado, mas ficou uma conversa com o dono da empresa: ele queria vender o negócio, estava cansado depois de décadas no setor. Fabrizio não conhecia nada sobre colchões, mas entendeu rápido que havia uma oportunidade escondida ali — e um desafio à altura.
“Demorei uns dias para aceitar. Não era o tipo de projeto confortável. A empresa tinha problemas sérios, a marca estava desgastada e o clima interno era pesado. Mas eu sabia que podia reorganizar tudo”, conta.

Entrou de cabeça. Passou o primeiro mês só observando. Depois, veio a reestruturação por etapas: equipe, produção, finanças, comercial, marketing. Cortou custos, resgatou talentos, reavaliou produtos, mapeou o mercado e recolocou a empresa no jogo. Um ano e meio depois, o negócio foi vendido. E Fabrizio passou a ser chamado por outras empresas com o mesmo perfil: boas em essência, mal conduzidas, desvalorizadas.
O que ele faz, no fundo, é entender a dor de cada negócio e montar um plano de resgate. Sem fórmulas prontas, mas com muita escuta e ação prática. “Eu não chego com uma receita. Cada empresa tem sua própria história, e isso precisa ser respeitado. Só aí vem a estratégia”, explica.
Hoje, Fabrizio carrega esse histórico sem glamourização. É direto: tem orgulho das empresas que ajudou a recuperar, mas mais ainda da forma como construiu esse olhar — desde o balcão da bicicletaria até as reuniões de planejamento estratégico. “No fundo, o que eu sempre fiz foi tentar entender o que o outro precisa. Quando a gente acerta isso, o resto encaixa.”