A Marvel Studios transformou a indústria cinematográfica com seu Universo Marvel (MCU), estabelecendo novos padrões para franquias de filmes e criando um fenômeno cultural global. Desde o lançamento de “Homem de Ferro” em 2008, a Marvel conseguiu cativar audiências ao redor do mundo com suas histórias interconectadas e personagens memoráveis. Com um planejamento estratégico meticuloso e uma execução de alto nível, a Marvel não apenas revolucionou o cinema de super-heróis, mas também definiu um novo padrão para como franquias podem ser gerenciadas e expandidas.
No entanto, o sucesso da Marvel não veio sem desafios e fracassos. À medida que o MCU crescia, a Marvel enfrentou críticas e decepções que proporcionaram valiosas lições. Analisar tanto os triunfos quanto os contratempos da Marvel oferece insights profundos sobre gestão, inovação e resiliência.
O contador e mestre em negócios internacionais, André Charone, explica que as empresas de todos os setores podem aprender com a trajetória da Marvel, aplicando essas lições para alcançar seus próprios objetivos e superar desafios no mercado moderno.
Planejamento Estratégico a Longo Prazo
Uma das principais razões do sucesso da Marvel foi o planejamento meticuloso de seu universo cinematográfico. Desde o lançamento de “Homem de Ferro” (2008), a Marvel tinha uma visão clara de como seus filmes se interconectariam, culminando em eventos como “Os Vingadores” (2012) e “Vingadores: Ultimato” (2019). Cada filme foi estrategicamente posicionado para construir um arco maior, criando uma narrativa coesa e interligada que manteve o público engajado e ansioso pelo próximo capítulo. Esse planejamento envolveu não apenas a criação de histórias individuais, mas também a construção de um universo compartilhado que permitiu aos personagens interagir e evoluir de maneira orgânica ao longo do tempo.
Além disso, a Marvel soube aproveitar os feedbacks dos fãs e as tendências do mercado para ajustar sua estratégia ao longo dos anos. A flexibilidade e a capacidade de adaptação permitiram que a Marvel corrigisse o curso quando necessário, garantindo que a narrativa permanecesse relevante e atraente durante muito tempo. Empresas podem aprender com essa abordagem, investindo em planejamento estratégico de longo prazo que inclua não apenas objetivos claros, mas também a capacidade de se adaptar às mudanças do mercado. Isso envolve a constante avaliação e ajuste das estratégias, mantendo a visão geral enquanto se adapta aos desafios e oportunidades que surgem.
Diversificação e Inovação
A Marvel Studios sempre se destacou pela capacidade de diversificar seus personagens e histórias, evitando a saturação do público e mantendo o interesse constante. Cada filme, embora parte de um universo maior, trouxe algo novo e único. “Guardiões da Galáxia” introduziu um tom mais humorístico e uma ambientação cósmica, enquanto “Pantera Negra” explorou temas profundos de identidade cultural e justiça social, proporcionando representatividade e trazendo novos públicos para os cinemas. A capacidade da Marvel de explorar diferentes gêneros e temas dentro de seu universo cinematográfico é um exemplo claro de como a inovação contínua pode manter uma marca relevante e vibrante.
Essa diversificação também se estendeu à escolha dos diretores e roteiristas, permitindo que diferentes visões criativas florescessem dentro do MCU. A Marvel não teve medo de assumir riscos ao contratar talentos menos convencionais ou ao explorar narrativas ousadas. Isso resultou em uma paleta diversificada de estilos e abordagens que enriqueceu o universo Marvel e manteve o público engajado. Empresas podem aprender com essa abordagem, buscando continuamente novas formas de inovar e diversificar suas ofertas. Investir em diferentes segmentos de mercado e incentivar a criatividade dentro da organização são maneiras eficazes de garantir que os produtos e serviços oferecidos permaneçam frescos e atrativos para os consumidores.
Gestão de Talentos
A Marvel Studios destacou-se na atração e gestão de talentos, recrutando diretores, roteiristas e atores que trouxeram visões únicas e inovadoras para seus filmes. Desde a escolha de Jon Favreau para dirigir “Homem de Ferro” até a contratação de Joss Whedon para “Os Vingadores”, a Marvel soube identificar e aproveitar o potencial criativo de indivíduos talentosos. Essa abordagem permitiu que cada filme tivesse uma identidade distinta, contribuindo para a riqueza do Universo Cinematográfico Marvel. A diversidade de talentos não só enriqueceu as narrativas, mas também trouxe novas perspectivas e abordagens que mantiveram o público engajado e surpreso.
Além de atrair talentos de alto nível, a Marvel investiu na retenção e no desenvolvimento contínuo desses profissionais. A empresa criou um ambiente que estimulava a colaboração e a inovação, permitindo que os talentos florescessem e contribuíssem de maneira significativa para o sucesso dos filmes. Empresas podem aprender com essa estratégia ao focar na criação de uma cultura organizacional que valorize e incentive a criatividade e a inovação. Investir no desenvolvimento profissional dos colaboradores e proporcionar um ambiente de trabalho colaborativo pode resultar em produtos e serviços de alta qualidade, além de fortalecer a retenção de talentos valiosos dentro da organização.
Aprendendo com os Fracassos Recentes
Nos últimos anos, a Marvel Studios enfrentou uma série de desafios notáveis, como “As Marvels” (2023) e “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” (2023), que não conseguiram alcançar as expectativas de crítica e bilheteria. Esses fracassos destacaram problemas como a saturação do público, com muitos lançamentos em um curto período, levando ao desgaste e ao menor entusiasmo entre os espectadores. A lição aqui é que as empresas devem evitar sobrecarregar seus consumidores, mantendo um equilíbrio saudável para preservar o interesse e a demanda.
Outro ponto crítico foi a elevação das expectativas após sucessos monumentais como “Vingadores: Ultimato”. Manter um nível de qualidade tão alto consistentemente é desafiador, e quando as novas produções não atendem a essas expectativas, a decepção é inevitável. Além disso, filmes recentes foram criticados por narrativas fracas e falta de desenvolvimento de personagens, ressaltando a importância de histórias bem construídas e personagens cativantes.
Por fim, a crescente concorrência no setor de entretenimento, com várias plataformas de streaming e estúdios produzindo conteúdo de alta qualidade, exigiu que a Marvel inovasse constantemente para se manter relevante. As empresas devem estar cientes da concorrência e buscar maneiras de se diferenciar, oferecendo algo único e valioso ao mercado. Esses desafios recentes mostram que, mesmo para uma franquia estabelecida, a adaptação e a evolução são cruciais para o sucesso contínuo.
Sobre o autor:
André Charone é contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA), possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV (São Paulo – Brasil) e certificação internacional pela Universidade de Harvard (Massachusetts-EUA) e Disney Institute (Flórida-EUA).
É sócio do escritório Belconta – Belém Contabilidade e do Portal Neo Ensino, autor de livros e dezenas de artigos na área contábil, empresarial e educacional.
André lançou dois livros com o tema “Negócios de Nerd”, que na primeira versão vendeu mais de 10 mil exemplares. Os livros trazem lições de gestão e contabilidade, baseados em desenhos e ícones da cultura pop.
Instagram: @andrecharone
Foto: Divulgação / Consultório da fama